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Perguntem a Sarah Gross, de João Pinto Coelho

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Perguntem a Sarah Gross

Autor: João Pinto Coelho

Editora: Dom Quixote

Data de Inicio: 12 Fevereiro 2022

Data de Fim: 17 Fevereiro 2022

Leitura 9/2022

 

São poucos os livros que me prendem desde a primeira página e este foi um desses livros.


É uma história mesmo ao meu jeito, com um enquadramento histórico bastante pormenorizado, demonstrativo da uma pesquisa histórica de excelência. Uma linguagem fluída, suficientemente descritiva para idealizarmos com facilidade tudo o que vai acontecendo, mas não sendo demasiado exaustivo para nos desprender.


Ao longo da história, vão sendo intercaladas duas histórias contadas por duas mulheres fortes e carismáticas, em dois tempos diferentes, cuja vida uniu em determinada altura.


Sarah Gross, americana que foi viver para a Polónia, e que no presente dirige o elitista colégio de St. Oswald e, Kimberly, professora de literatura que vai lecionar para este mesmo colégio, fugindo de uma situação dificil na sua vida.


Kimberly cria uma ligação com Sarah a ponto de lhe contar sobre uma fase crítica da sua vida, que a persegue ainda e que foi o motivo pelo qual procurou St. Oswald para o seu refúgio. São também referidas personagens importantes e um tanto ao quanto peculiares como Miranda, uma exuberante professora de filosofia que ajuda Kimberly a compreender os meandros do colégio, e Clement, o bibliotecário que tem uma enorme amor por livros e pelo seu trabalho.


É um livro que nos relembra a possibilidade de emergência de um ditador como Hitler, a realidade da existência de campos de concentração como Auschwitz e que o Holocausto existiu, foi real e, cabe a cada um de nós fazer a sua parte para que não volte a acontecer algo semelhante. Fala de assuntos importantes, como racismo, violação e persuasão de menores, perseguição doentia, e transmite-nos uma importante lição " A verdade pode esperar, mas, mais tarde, ou mais cedo, irá prevalecer", e disto não restam dúvidas. Neste livro são retratados os bairros judeus, onde milhares de pessoas aguardavam a sua vez de ir para os campos sem saber o que lhes iria acontecer, a fome e frio que lá passaram, assim como o transporte para os campos, a sua chegada e vivência nestes locais.


"Nunca cedi à arrogância de tentar compreender aquilo que Esther possa ter sentido naquele lugar. Havia muitas perguntas que iriam ficar sem resposta. Depois das últimas vinte e quatro horas, mesmo após o relato detalhado que acabara de ouvir, continuaria sem saber como se sofria em Auschwitz. Como era o frio, a fome ou o medo. Talvez um dia o glossário da humanidade acrescentasse essas entradas novas. Até lá, restava a coleção de gestos como aquele; de alguém que nada tem e se agarra a uma colher ferrugenta como se da própria vida se tratasse."


Foi esta a parte que mais me custou, mas com um aperto no peito segui página após página, porque este livro entra em nós desde a primeira página e lê-se com a urgência de saber o que aconteceu a alguém que nos é próximo.


A escrita de João Pinto Coelho é deliciosa e envolvente, faz-nos deixar tudo o que não é urgente e aproveitar todos os minutos para ler. E é desta forma que deixo Sarah Gross com pena do seu final que para mim foi inesperado, mas com a certeza de que este livro será um dos que recordarei para sempre.








Sinopse

Em 1968, Kimberly Parker, uma jovem professora de Literatura, atravessa os Estados Unidos para ir ensinar no colégio mais elitista da Nova Inglaterra, dirigido por uma mulher carismática e misteriosa chamada Sarah Gross. Foge de um segredo terrível e procura em St. Oswald’s a paz possível com a companhia da exuberante Miranda, o encanto e a sensibilidade de Clement e sobretudo a cumplicidade de Sarah. Mas a verdade persegue Kimberly até ali e, no dia em que toma a decisão que a poderia salvar, uma tragédia abala inesperadamente a instituição centenária, abrindo as portas a um passado avassalador. Nos corredores da universidade ou no apertado gueto de Cracóvia; à sombra dos choupos de Birkenau ou pelas ruas de Auschwitz quando ainda era uma cidade feliz, Kimberly mergulha numa história brutal de dor e sobrevivência para a qual ninguém a preparou. Rigoroso, imaginativo e profundamente cinematográfico, com diálogos magistrais e personagens inesquecíveis, Perguntem a Sarah Gross é um romance trepidante que nos dá a conhecer a cidade que se tornou o mais famoso campo de extermínio da História. A obra foi finalista do prémio LeYa em 2014.


 

https://susanaentrelivros.wixsite.com/susanaentrelivros



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