Título: Sopa de nada
Autor: Darabuc & Rashin Kheiriyeh
Editora: OQO
Formato: Livro
Nº páginas: 36
Categoria: Infantil
Sopa de nada é uma lição sobre pessoas, sobre humildade, generosidade e solidariedade.
Uma história em que uns senhores supostamente pobres (mas mais com ar de mafiosos do que de pobres), de seu nome Maria Raposa e João Gato, convencem o senhor João Rato a deixá-los cozinhar uma sopa de nada, usando por base a receita da sopa da pedra.
É uma lição sobre como devemos ajudar o próximo quando este passa dificuldades e como do pouco se consegue fazer muito.
Com ilustrações engraçadas é uma história muito interessante.
Sinopse
"— Se isso chega…— Se chega? Até sobra!"
O autor recupera uma antiga receita, a da Sopa de pedra, um conto popular que, tal como acontece frequentemente com os contos de origem tradicional, apresenta diferentes versões consoante o país. Darabuc, conhecedor desta rica tradição, inspira-se nela mas reelabora os ingredientes e cozinha uma Sopa de Nada, pessoal, moderna e com grandes doses de humor. O resultado é uma fábula com que as crianças aprenderão a importância de partilhar e de se ser solidário. E além disso, descobrirão que, para superar situações de necessidade e dificuldades, muitas vezes só é preciso um pouco de engenho e imaginação.
Os protagonistas, tal como em quase todas as fábulas, são animais. Neste caso, Maria Raposa e João Gato, dois astutos que um belo dia chegam às portas de um palácio a pedir comida. Ali vive o avarento do João Rato que não lhes quer dar nada, e eles então oferecem-se para lhes preparar uma sopa prodigiosa, a sopa de nada.O autor joga com o simbolismo das personagens uma vez que, tanto a raposa como o gato são animais a que o imaginário coletivo atribui características como a inteligência ou a astúcia. E outro tanto se pode dizer do rato, animal associado tradicionalmente à avareza. Darabuc aposta numa estrutura dialogada em que as réplicas e contrarréplicas sempre engraçadas das personagens fazem avançar a história. O esquema, que em linhas gerais se mantém fiel à tradição, é o seguinte: Maria Raposa sugere algum ingrediente com que a sopa ficaria muito melhor e João Rato, que não se apercebe da artimanha, aceita de bom grado dá-lo, porque só se trata de um ingrediente sem importância.A repetição de todos os ingredientes cada vez que se adiciona um novo, para além de contribuir para o ritmo da história, brinda os mais pequenos com uma oportunidade de ouro para trabalharem algumas das unidades de medida (pitada, fio, punhado, enfiada) mais habituais na cozinha.Reforçam também o ritmo da narração outros recursos como a medida dos versos ou a presença de fórmulas que se repetem do princípio ao fim.
Mas se algo deve ficar claro sobre Sopa de Nada, é que se trata de um álbum divertido. Abrimo-lo, damos uma vista de olhos às ilustrações de Rashin Kheiriyeh, e aparece logo um sorriso nos lábios. Que surpresa! E que personagens tão estranhas! Assim, todas vestidas de preto da cabeça aos pés, e de óculos escuros… Não parecem propriamente uns anjinhos, mas antes… e se são… shhhhiu… mafiosos? A ilustradora iraniana que capta na perfeição o toque irreverente que Darabuc dá à história apresenta uns protagonistas nada inocentes. E ainda por cima colabora com novos motivos para a risada. Porquê? Há algo mais divertido que ver umas personagens tão sinistras de avental, a mexer a sopa na panela? A simplicidade é uma das características da personalidade desta artista que colabora pela primeira vez com a OQO editora. Para o seu trabalho, escolhe uma paleta de cores reduzida, baseada em cores terra, alguns tons da gama do verde, do preto ou do branco. Porém, compensa esta sobriedade com óleos a partir dos quais obtém ricas texturas, e também com colagens graças às quais consegue a impressão de volume nas composições. Não podemos deixar de comentar o cenário em que se desenrolam as aventuras destes três artistas, o deserto Nãohánada. A escolha do lugar representa uma pequena homenagem do autor aos contos de astúcia orientais, uma vez que o Oriente é um dos locais com maior tradição no género.De novo, um pormenor revelador da enorme riqueza escondida neste álbum que bebe de tradições muito antigas e que recupera para as novas gerações um valioso património cultural. E a isto, ainda falta somar o olhar fresco e sem preconceitos do autor que cria personagens vadias de morrer a rir, e da ilustradora, artífice da estética moderna do álbum e desse look tão surpreendente dos protagonistas.
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